Se hoje vemos filas imensas na porta de galerias, quadros sendo leiloados por milhões de dólares e um próspero mercado negro de obras antigas, é porque há alguma coisa na arte que seduz e encanta as pessoas. Mas de onde vem todo esse fascínio? Seria um simples prazer estético? A busca por uma expressão mais humana da sociedade? De acordo com Roger L. Taylor, autor deste Arte, Inimiga do Povo, tudo não passa de uma grande farsa, um jogo de cena das classes dominantes para vender seu estilo de vida como algo superior e elevado. Ao longo dos séculos, o termo arte foi sendo apropriado pela nobreza em uma tentativa de defender os valores aristocráticos, que seriam equivalentes à grande verdade universal. Com a ascensão da burguesia, o conceito foi transformado, aliando-se ao cientificismo da nova classe dominante. Nem mesmo os ditos inimigos da burguesia contestaram o conceito de arte. Ao longo do livro, vemos que figuras históricas da esquerda como Marx, Lênin, Trotski, Lukács, entre outros, aceitavam plenamente a noção burguesa de arte, chegando até a defendê-la. Como um último e mórbido exemplo da influência nefasta das atividades artísticas sobre as massas, o autor conta como o jazz, inicialmente um ritmo tido como dotado de um forte sentido de degradação sexual, foi cooptado pelo mundo da arte. Então, de expressão popular dos negros norte-americanos, o ritmo passou a ser considerado uma atividade de alta cultura.