Se em O dogma da culpa (Topbooks, 2005) Roberto França mergulhou no profundo abismo da existência humana, através de metáforas e simbolismos, neste novo livro ele procura traduzir, de forma dramática e até, às vezes, jocosa, a problemática do Ser em suas contradições, determinismos e enigmas. Agora, porém, tudo está consubstanciado num romance de ficção, com suas personagens e seus arquétipos encarnados em todos os vícios, fraquezas, ambições, e até mesmo benfazejas virtudes - o que faz crer que o homem, em seu misterioso caminho para não se sabe onde, busca freneticamente a tão almejada unidade. Aqui, o leitor é seduzido pela farsa do prefeito Cesário Albuquerque, que, com ajuda do amigo e cúmplice Amaral, quer se passar por morto para descobrir o que pensam dele os amigos, os aliados e a mulher. Segundo o poeta Adriano Espínola na apresentação do livro, o autor sabe, "como poucos, entremear a dinâmica da narrativa a digressões, não sem certa ironia e leveza, de caráter filosófico, literário e/ou político (...). Do mesmo modo, sabe enlaçar com eficácia o registro culto ao coloquial, o descritivo ao dialógico, criando tensões e distensões a toda hora".