Na obra O ser-aí cego, o autor, à luz do método fenomenológico e no modo de pensar e fazer pesquisa qualitativa, conforme indicado em seu subtítulo, empreende uma descrição compreensivo-interpretativa, tematizando as vivências e percepções sobre o ler, escrever, pesquisar e produzir conhecimento de intelectuais que não dispõem do sentido da visão. O fundamento primacial da investigação repousa na facticidade do mundo acadêmico, nas interações estabelecidas por esses sujeitos como indivíduos livres, considerando os desafios na relação com o saber, enfocando o código Braille, o ledor, o livro falado e as tecnologias digitais. O visar intencional reflexivo direciona-se aos significados atribuídos às experiências vividas por mulheres e homens cegos em se constituírem leitores, docentes e pesquisadores sem ver, em um contexto sistêmico permeado pela lógica do ver.