As análises existentes sobre a Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI a partir de perspectivas circunscritas às esferas micro e macroeconômicas impulsionaram a elaboração de uma pesquisa que buscasse compreender a estrutura e o comportamento desta indústria a partir de seus constrangimentos estruturais, precursores e determinantes dos demais. Desse modo, as grandes questões debatidas pelo senso comum a respeito desse setor como o problema da escassez de mão de obra, a queda de produtividade e as transformações ocorridas no mercado de trabalho de TI foram recolocadas a partir de uma consciência crítica sobre a natureza das contradições econômicas, sociais e culturais brasileiras, que refletem a permanência de características do passado colonial e a incapacidade da sociedade brasileira de constituir um Estado Nacional capaz de conciliar capitalismo, democracia e soberania. O trabalho constata, por meio de análise empírica, a existência de obstáculos estruturais à introdução e difusão de progresso técnico na Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI. Ainda que as políticas públicas tenham estimulado a adoção de um modelo voltado para exportações, à semelhança do indiano, a evolução do setor caminhou em direção a um processo de crescente commoditização voltado para o mercado interno. Neste processo, a flexibilização e precarização do trabalho tornaram-se estratégias fundamentais para a minimização dos custos de produção, a fim de obter ganhos de competitividade por meio da redução de preços. Porque o principal insumo para o desenvolvimento do software é o trabalho humano, a busca pela redução dos custos foi percebida no mercado de trabalho pelas mudanças na composição do quadro de profissionais contratados. Estas mudanças, por sua vez, explicaram a contração dos salários médios diante de um quadro de escassez de mão de obra.