Não é essa a primeira vez que Otelo é julgado em terras paranaenses e, com certeza, não será a última. O histórico julgamento de 1961 foi sucedido por uma nova sessão em 2011 – ambos realizados no Teatro Guaíra de Curitiba – e, em 2016, mesmo após dois éditos absolutórios, a saga de Otelo voltou a ser apreciada na capital paranaense. O local escolhido desta vez foi o plenário do Tribunal do Júri de Curitiba. Por-tanto, força é convir que o julgamento de 2016 marcou a história do Tribunal Popular. A ênfase ao local é devida a dois aspectos que desta vez se entrelaçaram: a abordagem da literatura shakespeariana, a qual é considerada como a maior fonte de conteúdo humano, uma vez que transcende o exercício da eloquência poética, e a discussão dos conflitos e tensões humanas quando elevados ao extremo, justamente no local onde todos os dias isso ocorre, porém com personagens da vida real. Ademais, insta mencionar que o julgamento de 2016 teve como objetivo o júbilo dos 400 anos de Shakespeare, a promoção do direito, da arte e da cultura não apenas à comunidade acadêmica e jurídica, mas a toda sociedade curitibana, e principalmente, o incentivo à ação social, haja vista que os recursos auferidos foram convertidos em doação à Penitenciária Feminina do Estado Paraná. Cabe mencionar ainda que se o Julgamento de Otelo foi possível em tempos hodiernos, e também o poderá ser no futuro...