Encontrar as palavras e jogar com elas, buscar significados desconcertantes para frases que pareciam inanimadas em parágrafos rígidos, contrapor idéias aparentemente dissociadas e na última frase expor um sentimento suficientemente denso para justificar um ponto de exclamação, esse o encanto de escrever uma crônica, pelo simples prazer de vê-la assim, parada, à mercê da nossa crítica. Ou do nosso afeto. Muitas das crônicas escritas nesse últimos anos foram em protestos contra nossa apatia face aos escândalos que nos rodeiam e a nossa lamentável perda da capacidade de indignação. Outras foram partidas em instantes de encantamento com a ciência e o doce devaneio que sempre embalou minha vida profissional, movida por intensa paixão. E houve ainda as que nasceram da necessidade fremente de fazer o cotidiano menos monótono e enfadonho. Simples assim.