Este estudo se concentra nas alegorias sacramentais produzidas pelo jesuíta português Antonio Vieira (1608-1697). Maior pregador do seu tempo, ele as aplica, sob a forma do modelo eucarístico, à máquina da natureza, ao discurso da história, à Igreja universal, à Companhia de Jesus, à monarquia nacional cristã e ao próprio Rei Encoberto português. Em conjunto, tais empregos montam um magnífico teatro discursivo, extensivo a tudo que há ou ocorre - desde os fatos das Escrituras e das vidas dos santos, profetas e patriarcas da Igreja até os signos da história de Portugal; da hierarquia das leis universais àquela das ordens política, em que o Rei é cabeça e síntese do corpo místico do Estado - que demonstra ostensivamente a presença divina infinita nos limites e ocasiões da cena terrena finita.