Muito mais que um livro de história, da história da classe operária, este livro é uma história de vida. Sim, a vida de um trabalhador preocupado com a seqüência de acontecimentos que permearam a vida dos trabalhadores desde que as primeiras fábricas surgiram ainda na Inglaterra da primeira Revolução Industrial. Este é o ponto de partida que o autor delimitou para nos mostrar como os trabalhadores do Brasil frase que evoca os discursos de Getúlio Vargas, figura bem retratada neste livro foi marcada e marcou o processo histórico de nosso país. Trata também da evolução industrial e a passagem de um país estritamente agrário-exportador para um país industrializado, e daí a formação de uma classe burguesa detentora dos meios de produção. Hoje, e muito devido a esta evolução, temos um operário na presidência da República, não querendo dizer que a classe operária tenha chegado ao paraíso. Na verdade, o processo foi longo e penoso. As lutas pelos direitos trabalhistas envolveram crises sociais e políticas greves e golpes de Estado sempre que se pretendia uma melhoria. Tanto que houve presidente que bradou: a questão social é um caso de polícia. Isto ainda nos primeiros anos dos movimentos sindicais e trabalhistas, quando ideais socialistas começaram a ser aceitos entre os trabalhadores. Nisto podemos perceber a influência das ondas migratórias vindas da Europa, quando principalmente o anarquismo e o socialismo foram introduzidos por italianos e espanhóis. Não foi sem sentido que Getúlio Vargas fez da Carta del Lavoro, onde sindicatos e trabalhadores ficassem atrelados ao Estado, a base da legislação trabalhista. O autor nos apresenta a formação da classe operária no Brasil num processo quase didático que, ao contrário de outros países, teve uma característica bem marcante, isto é, a passagem do trabalho escravo para o assalariado em meio à consolidação do Capitalismo Industrial, já na segunda Revolução Industrial. O nosso processo de industrialização não foi contínuo. Veio em ondas, em engasgos; para que atendêssemos aos interesses do capital estrangeiro. Além disso, ainda neste processo didático, o autor nos mostra o cenário do início do século XX, momento no qual, as forças da nova burguesia urbana e dos trabalhadores começaram a se confrontar. Mesmo que em alguns episódios estivessem com objetivos similares em seus planos. A fundação do Partido Comunista em 1922 é contemporânea dos primeiros movimentos Tenentistas, até o golpe de 1964, quando a Ditadura Militar manteve os trabalhadores acuados. Daí em diante, o livro nos traz o momento atual, quer dizer, desde as primeiras greves que surgiram até o fracasso do modelo neoliberal de governo e economia.