Se a arte não parece ter gênero, as experiências o têm: chegam aos poemas de nossos dias vozes marcadas por um espanto de vida a um tempo estoico e dilacerado, ressurgido de incêndios, vingando um calar histórico. Urro e desprezo podem acalantar a criatura ofendida, as inquietudes podem se abrigar numa forma zen, a paisagem contemplada pode guardar uma guerra dentro. São forças da voz de Leila Guenther, que movem quem a ouça. Depois de ler e reler os poemas desta viagem, a que não falta alguma iluminação budista entre duras mordidas para fora e para dentro, me deparei com estes versos de J. L. Borges: En el desierto / acontece la aurora. / Alguien lo sabe. Sabe-o a poeta. Alcides Villaça