Proveniente de uma longa tradição humanística, a hermenêutica moderna ressurge no contexto da luta contra a pretensão de haver um único caminho de acesso à verdade. No ambiente cientificista da modernidade, estabeleceu-se o predomínio do positivismo. Em oposição a isso, a hermenêutica quer demonstrar que não há mais condições de manter o monismo metodológico, uma forma exclusiva para determinar o espaço de produção do conhecimento. A hermenêutica traz a perspectiva do interpretar, produzir sentido e a impossibilidade de separar o sujeito do mundo objetivado. Contra o distanciamento alienante provocado pelo modo de proceder objetificador próprio da ciência moderna, Hans-Georg Gadamer quer recuperar o sentimento de pertença/familiaridade a uma tradição, que nos constitui e predetermina nossa compreensão. Alguém que oportunamente já conhecesse a hermenêutica não dispensaria os resultados que esse tipo de filosofia pode proporcionar no campo educacional, tanto por ensejar uma autocompreensão, uma autocrítica da prática pedagógica, quanto por dar condição a que se produzam novas interpretações sobre o sentido da formação. Uma perspectiva hermenêutica na educação retoma seu caráter dialógico com toda a radicalidade, pois compreender pressupõe uma abertura ao outro, ao mundo. Reafirma-se aqui o dito de Hans-Georg Gadamer de que "só podemos aprender pelo diálogo", porque nesse processo é o próprio sujeito quem se educa com o outro. O diálogo não é um procedimento metodológico, mas constitui-se na força do próprio educar, que é educar-se no sentido de uma constante confrontação do sujeito consigo mesmo, com suas opiniões e crenças, pela condição interrogativa na qual vivemos. Este livro delineia os traços básicos da filosofia hermenêutica, o contexto em que se origina, o programa de Hans-Georg Gadamer e uma aproximação reflexiva da educação a partir de suas possibilidades compreensivas.