Em Terra Dividida, a escritora Eltânia André oferece ao leitor a possibilidade de se tornar coadjuvante num voo por temas contemporâneos bordados no couro da pele das personagens, uma delas, a antiga artesã de sapatos naturais. Na Pirapetinga, palco principal, o inferno das aparências reina desde antes da revolução digital e persegue e cria marca de ferro nos seus habitantes em termos existenciais. Personagens não aleatórios pertencem a uma família e suas ramificações, fazendo-nos lembrar de A Sibila pela grande escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís. A busca por Beatrice dispara a narrativa, resvalando em abismos já na abertura e preparando para o fim do que jamais termina verdadeiramente: um amor inebriado, a traição exposta e humilhante. Não é que o território, sobre o qual a gente se expõe, se divida com uma fissura na terra.