Nos últimos dias eu descobri, meio que por acaso, que Paris tem a metade do tamanho de Recife, porém com o dobro de habitantes. Com esse contraste duplo tem início Dama de Espadas, romance que, não por acaso, é construído a partir de dois fios narrativos: a carta escrita por uma mulher que corre perigo e o relato detetivesco que acompanha o perito Michel Le Goff em torno de um mistério um incêndio fatal na Catedral de Notre-Dame. Alternando memória, catarse e confissão, a autora investiga dimensões da verdade, buscando desvelar a sutileza de relacionamentos violentos, de um lado, e a brutalidade de enigmas miúdos, de outro. Bebendo de fontes do horror e do sobrenatural, o romance de Mariana Figueiredo se soma à tendência de autores que reconstroem, na ficção, as hierarquias de gênero.