A construção de silhuetas insólitas, formadas por cores, texturas, saliências e reentrâncias, concebidas através das técnicas de tatuagem, piercing, escarificação e implantes estéticos, bem como as performances realizadas por corpos depositários de práticas extraordinárias, originárias de sociedades pertencentes a lugares longíquos e tempos remotos, ocupam um lugar de destaque junto à sociedade contemporânea. Neste instigante Corpo inciso, vazado, transmudado, Beatriz Ferreira Pires coloca o leitor diante dos adeptos destas práticas, denominadas body modyfication. Estes indivíduos, ao romperem os limites da pele e alterarem suas silhuetas com a aquisição de adornos corporais que não reproduzem as formas inatas próprias da espécie, pontuam, de maneira marcante, a crescente permeabilidade existente entre os limites que separam natureza e cultura.