Sofrer ou fazer o mal requer a certeza da impunidade. Deve-se destacar a diferença entre causar dor, sofrer dor, crueldade, humilhação, e o desaparecimento, a perda de si mesmo.    A dessubjetivação, o anonimato, a intrumentalização, a reificação e o objeto inanimado como causa do desejo são nomes equivalentes para o desaparecimento, que é magistralmente colocado por Gide em sua obra e que o autor escolhe entre os livros de cabeceira para demonstrar que o desejo é idêntico à quebra da versão tida como natural, sua perversão ou inversão.O desejo, então, só poderá ser perverso, mas esse fundo perverso comum a todo desejo não significa apagar a diferença entre a estrutura do desejo estritamente perverso e os fantasmas perversos dos neuróticos.    Nesta incursão pelo demoníaco que habita cada um, vamos nos deparar com o voto de morte ao feminino na discussão em que Mario Fleig coteja o particular e o universal por meio de seus dois pilares, a ciência e a religião.     O autor também nos leva aos detalhes das condições de uma clínica da perversão e à interpretação do paradoxo do desejo do perverso por meio de uma entrevista com Charles Melman.