Com um repertório de 17 peças teatrais, é possível apontar na dramaturgia de Éder Rodrigues um trabalho insistente em torno da memória pessoal e da coletiva. Na obra A última rave do século xx (Delírio teatral em cinco atrações e um brinquedo) recupera-se a ideia de uma mulher perdida no museu da memória, mas agora o aprofundamento se estabelece no campo das subjetividades, das ausências e da dor: Este século carrega uma ferida que mancha e não cicatriza. A dor extrema do que não confessamos nem para nós mesmas é sentida apenas no fundo. Esta peça do autor, que lhes convido a ler, resgata a personificação de uma mulher com idade acentuada, mas agora dentro de um parque de diversões fechado para o qual ela insiste em reacender centelhas e dar uma nova vida. Elementos do Teatro do Absurdo (uma mancha inexplicável, um lugar suspendido no tempo, sentimentos fora de órbita) se entrelaçam com falas poéticas e agudas, criando o inesquecível tom que demarca a dramaturgia autoral (...)