Enquanto percorria o extraordinário texto de Nilton Bonder procurava, como é hábito entre os escritores, uma palavra que sintetizasse a emoção desta leitura. Finalmente, encontrei-a: encanto. Sim o texto me encanta, não se trata de um encanto simples, mas múltiplo, complexo. Como judeu, sinto-me encantado ao ver um rabino, jovem ainda, desvendar numa linguagem simples e ai mesmo tempo poética, a milenar sabedoria do judaísmo, tomando como ponto de partida algo tão prosaico quanto é o alimento. Como escrito, encanta-me ver as metáforas que o tema propicia, a arte da metáfora tendo sido, como se sabe, levada à perfeição pelos mestres hassídicos. Como médico, encanta-me o inusitado da abordagem num assunto que quase sempre é árido. E, finalmente, como leitor comum, é com encanto - com o prazer do texto - que saboreio estas reflexões.