Os discos arranhados de Marco Magalhães mostram sua música feita de silêncios, gemidos, ausências e palavras. Como um Bukowski brasileiro, com o tom rascante de Ramon Mello, Marco, brasiliense, escritor e dramaturgo, é um daqueles poetas que escreve sob a fumaça das madrugadas, em cima das mesas baratas, espalhando em sua voz o gosto de chuva, cigarro e cerveja em cada pausa, em cada despedida. A poesia de Marco vai se espalhando aos poucos, Belchior e David Bowie juntos, ressoando ao fundo num bar sujo de ''bras-ilha'', um dry martini que derrubamos sobre o papel e que parece salvar o cinza da existência.