Wilhelm Huguenau é um dos personagens mais vis da história da literatura ocidental. Ele, que dá seu nome ao derradeiro romance da trilogia Os sonâmbulos de Hermann Broch, é o indivíduo sem escrúpulo, tão objetivo na satisfação de suas próprias demandas que a ética, a moral ou a religião já não contam mais. No mundo sem valores comuns, Huguenau sente-se maravilhosamente à vontade. A ausência de imperativos morais é a sua liberdade, sua libertação. Os tempos modernos, no espírito de Broch, são a ponte que nos leva do reino da fé irracional ao reino do irracional no mundo sem fé. O homem cuja silhueta se delineia na extremidade dessa ponte é Huguenau: assassino feliz, não culpável. O fim dos tempos modernos em sua versão eufórica.