O século XXI, com reflexões cada vez mais presentes e intensas em torno do multiculturalismo, do diálogo intercultural, do respeito às diferenças apresenta exigências éticas e conceituais que nos deixam numa cilada teórica e prática. Se continuarmos a adotar e reverenciar teorias exógenas, sem ao menos transmutá-las para nossas realidades, em ritual antropofágico oswaldiano, corremos o risco de ver a História dos movimentos sociais andar para um lado, e a intelectualidade, para outro. Corremos o risco de nos contentarmos com o fato de sermos apenas “intérpretes” da realidade e, mesmo neste caso, falseando-a. É nesse sentido que, entre outros desafios, cabe-nos, neste novo contexto, repensar a história da Literatura Brasileira, sob o risco do discurso esquizofrênico, que profere teorias por um lado, e exerce prática diversa, por outro. Mais uma vez, assim, o momento nos chama para a revisão de toda uma conceituação que recende ao eurocentrismo e ao racismo.