Creio que um dos temas mais recorrentes em Fonoaudiologia, desde sua constituição como profissão, tem sido o das trocas entre fonemas surdos e sonoros na fala, por um lado e, por outro, quando esta confusão também se manifesta na escrita, na medida em que letras que representam consoantes sonoras são substituídas por outras que correspondem a consoantes surdas e vice-versa. Apesar da ocorrência deste tipo de problema ser freqüente e de se manifestar tanto ao nível da oralidade quanto da escrita, a compreensão do por que ele ocorre, assim como a elaboração de procedimentos sistematizados e bem fundamentados de intervenção têm recebido menos atenção e pesquisa do que o necessário. A partir de uma noção vaga, e de certa forma mágica, de problema de "discriminação auditiva", têm-se feito análises superficiais desta questão, as quais resultam no desenvolvimento de "técnicas" empíricas de intervenção e que, em geral, nem sempre têm levado aos objetivos pretendidos de superação.