Frantz Fanon? Não, ele não era argelino. Também não era filósofo ou sociólogo – apesar de ter pensado a situação do negro em um mundo branco como poucos – ou líder revolucionário – embora tenha participado ativamente de uma das mais importantes e violentas guerras de libertação, a da Argélia. Os equívocos sobre a vida se estendem à sua obra, muito influente nos campos dos estudos pós-coloniais, mas nem sempre devidamente compreendida ou mesmo aceita (no caso de seus estudos sobre culturas originais), isso quando não é simplesmente dada como “datada”. Sim, a obra desse psiquiatra revolucionário tem “data”, tem contexto, tem história, como a de qualquer autor, mas também, como a de bem poucos, transcende em muito sua época, pois seu pensamento é calcado na ação, na experiência, é pensamento à flor da pele, que ainda hoje alimenta o debate sobre o futuro de ex-colônias e (ex-?)colonizadores.