Conheci este vetusto senhor fred maia ainda no século passado. viemos todos de lá e éramos jovens: ele, eu e sua poesia. pois bem, naquele tempo já se dizia poeta. e há muito publicava livros. e vociferava seus poemas em meio à balbúrdia algo fin-de-siècle e démodé que envolvia os artistas instalados na são paulo dos anos 80. muitos ficaram pelo caminho, cortaram seus rabos-de-cavalo e se entricheiraram em alguma repartição ou se aboletaram em alguma ong do terceiro setor. poesia? pra quê? nem pensar. pois fred, não. onde quer que vá, espia o mundo com olhos utópicos através de suas lentes grossas. quer nem saber se a história acabou. faz ele mesmo sua própria história de poesia e utopia crítica. com seus livros. e sua juventude amadurecida. gerado pela contracultura, aposentou o sleeping bag faz tempo mas pode ser encontrado debaixo da lona preta de algum acampamento do mst ou confundido com malucos na luta antimanicomial. sempre com poesia e um sorriso nos lábios. de que ri fred maia? já que não é rico nem ri à toa. já que não podemos entender seu riso, aprendamos um pouco mais sobre a vida com estes atilados poemas que agora nos apresenta em seu "Mais que Imperfeito". obrigado pelas imperfeições, poeta. os outros podem ir pegar seus contracheques no departamento de pessoal que a re-engenharia a mando do fmi chegou. Chico César (músico, compositor e jornalista), antes do carnaval de 2003. Fred Maia chegou perto da perfeição neste "Mais que Imperfeito". Seja na precisão dos hai-kais, nos poemas mais extensos ou nas letras de música, ele esbanja lirismo e alma. Fred é um poeta comovente. Como os bons. Zeca Baleiro (músico e compositor). As pessoas que escrevem sobre poesia no Brasil geralmente dizem que um determinado poeta "trafega com desenvoltura" por não sei onde; que sua poesia "é imbuída de" não sei o que; ou que o poeta "extrapola os limites" de alguma coisa sempre. Não queria dizer nada disso sobre a poesia do Fred Maia. O que é legal perceber é que o Fredinho (assim o chamo há anos de grande amizade) é um dos melhores e maiores cultores do hai-kai por estas bandas, podendo figurar tranqüilamente (ihh, lá vou eu!) ao lado dos leminskis, irmãoscampos, ruizes e millôres da vida. Basta ler/ver os seus "Rarefeitos" desse livro para confirmar o que digo. Alea facta est! Durvalino Couto (poeta, compositor e publicitário).