O cenário onde se passa a história de Diário, romance de Chuck Palahniuk, é a ilha norte-americana de Waytansea, onde um resort irretocável atrai turistas endinheirados. Mas este não seria um livro de Palahniuk se seus personagens não expusessem o que há de mais bizarro e doentio na América, com um toque de terror moderno. Desta vez, o leitor é apresentado ao casal Peter e Misty Marie Wilmot, dois perdedores natos que não têm o menor respeito pelas pessoas - nem por eles próprios. Peter está em coma desde que ingeriu uma superdose de comprimidos para dormir. É enquanto ele vegeta que Misty, sua mulher, conhece-o cada vez melhor, pois ela descobre novas e desabonadoras histórias sobre o marido dia após dia. Ela o culpa por sua vida de privações e, para extravasar o ódio crescente que tem dele, resolve manter um "diário do coma", em que ela relata o horror de sua rotina. Isso é para mantê-lo atualizado dos fatos, caso saia do coma. No diário, Misty Marie descreve a condição física de Peter em mil detalhes médicos asquerosos. Ela também conta como costuma se distrair quando o visita no hospital: espetando seu corpo inerte com o alfinete enferrujado de um velho broche, presente dele. Ela só cessa a brincadeira quando o metal encosta num osso ou atravessa para o outro lado da carne. Mas isso é sinal de que ela ainda o ama. Se não o amasse, não perderia tempo torturando-o. Antes do coma, Peter andou trabalhando na reforma de diversas casas. Um a um, os proprietários dos imóveis telefonam para Misty com uma reclamação surreal: algum cômodo de seu lar simplesmente desapareceu. São quartos, lavanderias e armários de alvenaria que dão lugar a um mero espaço vazio. Depois, descobre-se que Peter pichou mensagens hostis em paredes ocultas das casas dos clientes, como "Não quero ver minha família empurrada cada vez mais para baixo por vocês, parasitas dos desfavorecidos" ou "(...) para chacinar todos vocês como uma oferenda, a cada quarta geração". Por fim, todos esses imóveis pegam fogo, misteriosamente. É tudo muito sinistro, mas Misty não liga a mínima. Até que ela começa a desconfiar de que está envolvida em alguma conspiração. Mensagens escritas a mão nos livros das bibliotecas parecem ter sido deixadas para ela. Sua sogra adota um comportamento suspeito. E, de repente, é como se existisse alguma verdade tenebrosa que apenas Misty desconhece e que, com certeza, tem a ver com Peter. Todos os acontecimentos que permeiam a vida da protagonista possuem uma ligação muito peculiar. As peças estão dispersas e cabe ao leitor montar o quebra-cabeça em mais um intrigante e divertido romance de Chuck Palahniuk.