O autor escolheu a categoria da ¨transição¨, cara a João XXIII, como chave de leitura do esforço conciliar: ¨Dizem que sou um papa de transição. É isso mesmo, mas, de transição em transição, a Igreja vai em frente¨. Cinco meses após a morte de João XXIII, em discurso aos Padres Conciliares, o cardeal Suenens dizia: ¨No dia seguinte à eleição, o papa Roncalli pode ter aparecido como um papa de transição. E certamente o foi, mas de um modo imprevisível, que não é sugerido pela frase em seu sentido habitual. O historiador, olhando para trás, poderá dizer que ele abriu uma nova era para a Igreja e fixou os pontos de transição entre o século XX e o XXI¨. Para os Padres Conciliares, tratava-se de instaurar um processo de ¨aggiornamento¨ que levasse a uma nova expressão da autoconsciência da Igreja e a um novo dinamismo da presença da Igreja no mundo contemporâneo. Os cerca de 2500 bispos do Vaticano II, de fato, produziram, em três anos, dezesseis documentos, organizáveis em torno de duas Constituições - a Lumen gentium e a Gaudium et spes - que exprimem uma nova visão da Igreja. O trabalho de Antonio José de Almeida é uma tentativa de ¨lançar de novo a semente do Concílio no solo invernal da Igreja¨, consciente de que as decisões de um Concílio devem ser constantemente retomadas e renovadas na vida eclesial.