No cartaz que divulgou o lançamento de Bonequinha de luxo (1961), Audrey Hepburn aparece elegante. Pequenos detalhes, porém, quebram a atmosfera clássica: uma cigarrilha pendendo no canto da boca e um gato pousado no ombro direito. Com o mesmo vestido longo negro, ela surge nas cenas iniciais do filme, interpretando a playgirl Holly Golightly. Desce de um táxi em frente à joalheria Tiffany’s de Nova York. Carrega nas mãos, que vestem luvas compridas pretas, uma sacola de papel com seu café da manhã, um pão doce, e come enquanto observa as vitrines. Tanto a imagem que estampa o cartaz quanto a cena que abre a película representam uma grande mudança nos modelos de Hollywood e no papel feminino no cinema. Audrey Hepburn interpreta uma moça não muito casta, mas sofisticada e independente, deixando para trás o moralismo dos anos 1950 e traçando novos rumos para a mulher moderna. Analisando elementos como esses e os bastidores da película, Sam Wasson mostra como o longa contribuiu para transformar a moda, a liberdade feminina e a indústria cinematográfica. Quinta Avenida, 5 da manhã, best-seller do New York Times, apresenta a primeira descrição completa da produção de Bonequinha de luxo. O autor traça o perfil de personagens fascinantes e desvenda detalhes pouco conhecidos pelo público. Truman Capote, por exemplo, autor da novela que deu origem ao roteiro, queria Marilyn Monroe para o papel principal. O diretor Blake Edwards foi responsável por boa parte do humor do filme. Audrey enfrentava o dilema de conciliar as tarefas de uma grande estrela de cinema com o papel de mãe. Edith Head, a figurinista da Paramount, teve de engolir a escolha dos vestidos de Givenchy... Escrito com humor, charme e elegância, o livro revela uma mudança cultural definitiva e transporta o leitor para a Nova York dos anos 1960. QUINTA AVENIDA, 5 DA MANHA