Apresentar um livro de estreia é como estar em posse de um segredo pronto para ser revelado, mesmo sabendo que, em literatura, o segredo permanece inviolável até quando o pensamos descoberto (Derrida). É o que, aqui, o poeta sugere em imagens: a floração é um coração exposto na terra. Tudo exposto e encoberto, então por que ainda a sensação de certo além a se dividir? Por que ainda a necessidade de um dizer de antecipação? E como se nada é previsível? Tudo, silêncio e respeito diante da nudez com que se tramam os significantes na lírica abissal de Alex Dias. Ou líricas abissais, já que as imagens poéticas se multiplicam apontando o núcleo constituinte da forma literária: há segredo. Quando esses poemas foram confiados à mim, primeira vez e para o primeiro olhar, soube que estava diante de um grande poeta, cuja capacidade sintética e modelagem do pensamento em muito o particulariza. [...]