A obra seminal de Arthur Bispo do Rosário finalmente tem seu merecido reconhecimento: este livro, editado pelo Museu Bispo do Rosário (RJ) em parceria com a Tenaris Confab (SP) e apoio da Fundação Proa (Argentina), com distribução pela Cosac Naify, traz à tona toda pujança criativa do artista. Seu trabalho aproximava-se de movimentos como o Dadaísmo, o Surrealismo, a Arte Contemporânea, a Arte Povera e a Arte Conceitual, e sua obra caracterizava-se pelo colecionismo, catalogação e ordenação compulsivos dos objetos mais variados. Estes eram, muitas vezes, revestidos com linhas de costura azuis obtidas de seu próprio uniforme de interno da Colônia Juliano Moreira (hospital psiquiátrico). Segundo o crítico de arte Paulo Herkenhoff, "poucos artistas no final do século XX deixaram uma marca tão impactante sobre o meio cultural brasileiro (...) Era preciso saber fazer e não admitir desvios em seu processo de produção que pudesse redirecioná-lo para as terapias violentas na Colônia: a lobotomia, a terapia do eletrochoque (eletronarcose) ou a química. (...) Coube a Bispo do Rosário articular o poder simbólico ao limite e a seu modo".