No anúncio que abre seu novo livro, o autor fala da distribuição dos poemas em duas partes: a dos poemas de amor e a dos dedicados ao espírito. Chegando aos do espírito, não é que encontramos ainda lá o amor, como tema afetante, atravessando toda a produção? Nessa segunda parte, ressalto a beleza de Caminho, com sua orientação profundamente religiosa, como uma oração, retomando versos do livro de Gênesis. Há ali uma orientação para os que buscam a conjunção com o divino: e que cada qual deve ser bom. Talvez seja esse o texto que possa sintetizar o espírito do livro de Walace Rodrigues: traz o elemento primeiro da criação Deus separando a luz das trevas; Deus criando o cosmos pelo verbo que nos leva a pressentir que todo o conjunto é reflexão sobre o amor e a espiritualidade, numa perspectiva que não deixa de ser também política na medida em que ultrapassa a ética capitalista e neoliberal, que separa, categoriza, segrega, exclui.