A maioria dos trabalhos, se não todos encontrados no Brasil sobre a condição feminina, seja como autora de crimes, seja de vítima, encontram-se referenciados em paradigmas criminológicos que se distanciam muito (ou totalmente) do que produziu a epistemologia feminista. Esta obra é resultado de uma profunda investigação científica que aponta para construção (ou reconhecimento) de um referencial autônomo que permita compreender os diferentes contextos de vitimização e criminalização das mulheres. Por meio de uma vasta análise bibliográfica no campo da história, da sociedade, da filosofia, do direito e da teoria feminista, a Autora buscou elementos que possibilitassem a realização do trabalho "artesanal" de "coser" elementos para "uma" criminologia feminista. O livro traz a evolução da ciência criminológica e seus paradigmas e situa o papel de extrema submissão da mulher, em todos os níveis, no decorrer da história (desde o século XVIII), mostrando como isso influenciou na visão preconceituosa de sua imagem nos tempos de hoje. Em seguida, destaca a evolução dos diferentes "poderes" que se articularam (e alguns ainda se articulam) para a criminalização e vitimização das mulheres (intitulados de "custódia" da mulher - o conjunto de tudo o se faz para reprimir, vigiar e encarcerá-la). Demonstra-se que, ao longo da história, a mulher teve papel de mero "objeto" da política criminal, tanto por motivos religiosos, como médicos e até jurídicos.