A autora deste livro parte da compreensão de que as telenovelas são um produto ficcional destinado ao entretenimento, que dialoga com o contexto social do qual faz parte, e do entendimento de que a deficiência é uma vivência que enfrenta limitações sociais impostas tanto no campo físico como no discursivo. Para tanto, estuda as representações da deficiência física adquirida na telenovela Viver a Vida, escrita por Manoel Carlos e veiculada na Rede Globo, entre 2009 e 2010. A análise interdisciplinar apoia-se em três campos de conhecimento: a Comunicação Social, a Antropologia e os Disability Studies em sua interface com os Estudos de Gênero. A Etnografia de Tela foi a metodologia aplicada para analisar onze cenas da telenovela que tratam a intimidade da vivência da deficiência, discutindo questões como o cuidado, o corpo e a sexualidade. A obra evidenciou a complexidade da vivência da deficiência e de sua abordagem, reconhecendo as divergências entre as distintas perspectivas e as tensões presentes no contexto social, assim como as limitações inerentes ao gênero telenovela, ao seu formato e seu objetivo.