Desde o início da civilização humana no planeta, ou seja, por volta de seis milênios e meio atrás, às mulheres ficaram estabelecidas as funções da maternidade e de esposa, sempre ligadas à submissão ao homem, que se encarregava da missão de provedor material do grupo doméstico, assumindo sua liderança, de forma normalmente autoritária, como registrou a História, perdurando essa realidade até há relativamente pouco tempo atrás, podendo-se dizer que apenas com o advento da Revolução Francesa (a partir de 1789), principalmente por meio de exemplos de coragem e clarividência, como o de Olympe de Gouges, as mulheres passaram a reivindicar, de forma pública e declarada, a igualdade de direitos e deveres na sociedade nitidamente machista. Outras personalidades significativas se sucederam nessa luta, até que, em determinados países, chamados de primeiro mundo, ela já se efetivou. No Brasil, ainda dominado por uma cultura (ou falta de cultura) nitidamente tradicionalista, nesse aspecto, a desigualdade prevalece a olhos nus. Assim é que temos muitas mulheres no mercado de trabalho, mas normalmente ocupando postos em que a remuneração é insuficiente até para a própria sobrevivência, e aqueles outros que os homens consideram tipicamente femininos. Sobram-lhes poucas chances de ascensão social com base no próprio trabalho, ficando em segundo plano em quase todos os setores mais expressivos das atividades profissionais. O fato da eleição de uma mulher para ocupar a presidência da República causou espécie a uma grande parte da sociedade, que não acreditava algum dia poder tal "milagre" acontecer, mas a verdade é que aconteceu e abre novos caminhos para o futuro. Todavia, como "uma andorinha só não faz verão", nem também meia dúzia delas consegue tal resultado, o autor deste livro, estudioso das realidades jurídicas do nosso país e de outros, traz a público sua sugestão de que se adote, por força de lei, portanto, de forma cogente, a igualdade verdadeira, que não depende do livre-arbítrio daqueles que dominam a economia e os poderes do Estado. Afirma o autor, nas entrelinhas, que não se pode mais perder tempo em discussões meramente acadêmicas, mas sim se deve tomar uma atitude decisiva e definitiva, caso contrário continuaremos a ser mais um entre os países do terceiro mundo, onde a desigualdade entre os gêneros é uma das suas mais claras características. O autor pretende sensibilizar jovens, adultos, homens e mulheres para o progresso, o desenvolvimento dos direitos humanos e a justiça social, tudo isso que somente acontecerá se houver a dita igualdade entre os gêneros. "Desejamos aos leitores que façam bom proveito desta oportunidade de tomar conhecimento da realidade dos países socialmente mais desenvolvidos que o nosso e empreendam esforços no sentido de nos igualarmos a eles."