A história do Amazonas é a mais oficial, a mais deformada, encravada na mais retrógrada e superficial tradição oficializante da historiografia brasileira." É partindo dessa suposição que o escritor Márcio Souza também autor de Galvez, Imperador do Acre nos mostra, em A expressão amazonense, a realidade cultural do maior Estado brasileiro, "esta terra que padece de uma completa ausência de investigação científica e está assolada pelo recenseamento ou pelo beletrismo". Dono de uma linguagem vigorosa e fluente e de um pensamento sociológico agudo, aos quais não faltam a criatividade, a precisão e muitas vezes a ironia, Márcio Souza examina a expressão cultural do Amazonas, apontando os vícios e as virtudes da criação artística e intelectual daquele Estado e a sua inter-relação com os processos económicos regionais desde o período colonial até os nossos dias, com a criação da Zona Franca de Manaus e o advento da telenovela no modo de vida caboclo. A expressão amazonense é um livro especialmente importante*1 para aqueles que procuram avaliar a significação histórica real da cultura brasileira, não só pelo panorama que apresenta da realidade amazonense, como pela posição crítica e interpretativa que oferece ao leitor e que desencadeia uma polémica palpitante, postulando a "proposição de novas hipóteses para o processo amazonense