O Eclesiastes de Haroldo de Campos, que mostra a mescla entre o novo e o velho, soma-se ao leve toque dos dentes nos lábios que marca a relação entre filosofia e política tal como apontada por Althusser. O velho e o novo, os dentes e os lábios, marcam um compasso estranhamente ritmado, sem mudanças de cadência, que percorrem os últimos vinte e oito séculos do ocidente. Felipe Castelo Branco, versado nas retumbantes batidas das caixas, parece, nesse livro fundamental aos nossos dias (de ontem, hoje e amanhã), optar pelo batuque sincopado, como um surdo de terceira, marcando o espaço existente entre uma batida e outra do desenho musical habitual. Nesse sentido, o problema dos nacionalismos, problema na duplicidade que a palavra traz e que parece marcado em um espaço e em um tempo em que não há possibilidade de síncope, é apresentado tanto em sua forma mais tradicional, como deve ser, seguindo o ritmo de suas pulsações, como ganha, nas elaboradas harmonias de Felipe, um tratamento desviante, lúcido e atento às (im)possibilidades de outras escritas e outras roupagens harmônico-filosóficas. Muito bem sucedida, a estratégia deste livro, que precisa ser ao mesmo tempo ensaístico (para fazer justiça à síncope) e didático (pois temos sempre e outra vez de aprender a dimensão histórico-filosófica dos nacionalismos) consiste em percorrer as diversas faces desse problema: encarando-o, seja de frente, seja obliquamente (como no ensinou aquele de quem somos, juntos, herdeiros, Jacques Derrida), em sua feição histórica e em sua inseparável conjunção com a questão da educação, da língua e étnico-racial. E um livro de filosofia política escrito no Brasil não deveria ter pelo menos algum rastro do tempo e do lugar de sua escrita? É nesse sentido que saúdo a chegada dessa verdadeira obra de Filosofia Política Brasileira. E, parafraseando as palavras de Darcy Ribeiro quando, em 1977, celebrou a chegada do livro de Roberto Gomes, Crítica da razão tupiniquim, diria eu, aqui e agora, tamb