O presente livro é instrumento pelo qual o autor explora a relação entre a educação popular e a educação do campo, inserida na valorização educacional da classe trabalhadora camponesa em suas lutas pela democratização da terra, da libertação da sociedade e da garantia dos direitos sociais. O campo sofre uma disputa territorial entre os modelos de desenvolvimento agrário do agronegócio e da agricultura camponesa sendo que tal embate também se manifesta em proposições e projetos educativos conflitivos e antagônicos. Os camponeses, em muitos casos organizados em seus movimentos sociais, desempenham uma tarefa coletiva na área da educação que responde às suas demandas, cultura, modos de viver e de reprodução das relações sociais e, neste aspecto, é preciso lembrar que a educação do campo possui um comprometimento político, ético, teórico e epistemológico com os trabalhadores, rumo à emancipação, ao respeito à diversidade numa perspectiva de classe e em prol de uma transformação qualitativa dos padrões societários vigentes. No entanto, outros setores e agentes também desenvolvem projetos educativos que se utilizam ou não do conceito de educação do campo, porém se manifestam em mais uma maneira de ocultar as desigualdades sociais e os conflitos no campo, oriundos da perversidade ontológica do modelo hegemônico. Por isso a importância em educadores, educandos, pesquisadores e sociedade civil compreenderem o movimento histórico da educação desempenhada por essas classes sociais, como modo de tomada de posicionamento consciente e crítico e, também, na meta pela defesa do campo e de suas populações, para além da visão superficial e limitante do agronegócio.