Não espere detalhes. Não procure respostas. Abandone a exegese, pois não há significados. As crônicas gerais de F.G.L. são altamente sensoriais, mas não trazem nem almejam algum sentido. Se há uma procura e um achado é por atmosferas, climas que se constroem da junção entre cenários, pessoas e narrador. O encontro nos é dado para ver em flashes. Dos retalhos de imagens, sons, cheiros e falas resulta um mundo que brilha como uma estrela já consumida em supernova. Como a luz que viaja anos-luz para, enfim, nos iluminar, o hoje é memória. Há um quintal, mas não há. Há uma mãe, um pai, as onipresentes avós. Há o corte e a cicatriz. Há a distopia, a modernidade inconclusa, o pesadelo pandêmico. Há também sempre algo a apontar para o que poderia ter sido e não foi. O convite vamos fugir? morre antes de nascer. Para o memorialista autoficcional, o único escape possível é para o passado. Este não vive, sobrevive como fardo ou farsa, faz casa na melancolia de um eu lírico cujo universo não(...)