A história sempre me fascinou! E a história da psiquiatria, especialmente. Não foi por acaso que meus trabalhos de conclusão de mestrado e doutorado foram dedicados à história [...]. Por todos os motivos enumerados até o momento, considero muito importante este livro que tenho a honra de prefaciar. Da liberdade à exclusão social: histórias de personagens ‘excêntricos’ à luz da história oral nos faz refletir sobre todas estas histórias a partir das histórias pessoais de Maria Caboré, Pernambucana, Tandôr, Compadre Chico, Dona Joaquina, Dona Isabel Baixeirinha, Moipen, Pedro Cabeção e Antônio Cornin. A partir da reflexão sobre a loucura destes sujeitos que eram livres e foram institucionalizados em Crato, se torna possível reconstruir a loucura no imaginário social da cidade e nos permite perceber como a noção de loucura deve ser objeto de relativização e de recusa de hegemonia do saber científico sobre ela. Sempre ínsito em demarcar que nosso propósito maior com o processo da reforma psiquiátrica não é a simples reforma do modelo assistencial, que deve passar de manicomial para a rede de atenção psicossocial no território: nosso objetivo mais nobre é a produção de um novo imaginário social para a loucura como expressão da vida e não como mera patologia. E este livro traz uma importante contribuição neste sentido! No mais, deixo os leitores e leitoras com as palavras de Cleide Correia de Oliveira e Francisca Bezerra de Oliveira e que façam bom proveito! Paulo Amarante