Há nestas páginas uma reflexão singular. Raríssimos são os trabalhos dedicados ao deciframento do significado social do lixo. Tal assunto sempre foi reflexão reservada aos "técnicos" - urbanistas, médicos, engenheiros, administradores... Quase nunca mereceu atenção de cientistas sociais. Em linguagem fluente e clara, amplamente acessível, o autor mostra como puderam emergir historicamente as mentalidades e sensibilidades que inventaram a noção de "lixo" - muito mais recente do que se acredita. Ilustra ser este um assunto menos ligado à higiene do que habitualmente se crê. Além disso, questiona a aparente neutralidade política da questão e tematiza o contexto paradoxal em que se dão os debates ecológicos contemporâneos.