No final do século XIX, no interior da Paraíba, como de resto em todo o Brasil, a transição do Império para a República em nada melhorava a vida das populações desamparadas, esmagadas pelas estruturas oligárquicas e pela violência arrogante do coronelismo. As revoltas denominadas de O Quebra Quilo e O Ronco da Abelha, além dos nomes instigantes, foram expressivas manifestações populares contra impostos abusivos e contra a imposição do sistema métrico. Se acrescentarmos a esse cenário um pároco precursor da Teologia da Libertação, um cientista alemão que chega à vila do Ingá para pesquisar as misteriosas inscrições milenares da Pedra do Navio e mais a magnética Cassandra, uma figura mitológica de mulher que faz explodir as paixões dos homens e, logo depois, também as das mulheres, teremos uma idéia dos ricos e fortes ingredientes que se misturam para moldar este irresistível O ronco da abelha. Teatrólogo e professor de teatro na Universidade Federal da Paraíba, Paulo Vieira transcende, neste livro, os limites do romance histórico e revolve a problemática universal da condição humana.Os folhetos de cordel e as histórias populares que o autor leu e ouviu desde a infância completam a composição do universo mítico da obra.