Pais, interessa-nos a vossa vida. Com estas palavras, que de certo modo poderiam resumir todo o livro, o Autor que já nos oferecera em O valor divino do humano uma obra vibrante sobre a formação do caráter coloca-nos face a face com fundamento de toda a educação familiar: a vida heróica dos pais, entretecida de entrega mútua e sacrifício generoso, da sinceridade e coragem, de uma piedade sólida e alegre. Pois os filhos não se educam com bons conselhos e aforismos morais somente, mas principalmente por contágio; não aprendem só pelo ouvido, mas pelas mãos, pelos pés, pelas orelhas e pelos olhos; principalmente pelos olhos. Esta responsabilidade de lhes dar critério apoiado no exemplo é muito maior numa época confusa como a nossa. Não se trata de formar bibelôs para a satisfação pessoal; nem de alimentar o grande contigente dos conformistas, passivamente submetidos às modas e às ideologias do momento; nem ainda de gerar mais protagonistas para esse conflito de gerações que já sabe o lugar-comum. Trata-se de ir contra a corrente, de formar homens, cristãos enérgicos e varonis , cheios desse espírito de serviço que é necessário para transformar a sociedade por dentro, como fizeram os primeiros cristãos. Este livro surpreende. Esperaríamos encontrar um manual de pedagogia ordenado, científico, solene ; em suma, um livro bastante árido. Este não; de suas páginas brota todo o entusiasmo da própria vida. O Autor ora repreende o egoísmo aos gritos, ora provoca um sorriso de bom humor e esperança em rostos desiludidos, ora sugere com leveza de espírito os conselhos práticos que os pais sempre quiseram Ter à mão para sair dos seus impasses na tarefa de educar. E põe nesta carta pessoal toda a sua experiência de sacerdote e de professor, adquirida ao contacto com sucessivas levas de jovens das mais variadas mentalidades.