Afinal, o que se quer precisamente dizer quando se afirma que um Estado é laico, que uma constituição é laica ou o ensino é laico? Indubitavelmente se quer dar a entender que esses domínios são impermeáveis à interferência divina e à influência da religião. Se assim o é, caberia continuar perguntando agora sobre a natureza dessa afirmação: seria ela uma ficção, isto é, uma mentira? Seria apenas um ideal ético pregado por filósofos ingênuos, que acreditam que os homens são naturalmente bons e solidários, de forma que a autorreferência das normas éticas corresponderiam àquela bondade e àquela solidariedade? Ou seria, o que é grave, a manifestação isolada de um movimento geral, deflagrado no renascimento e reforçado na Revolução Francesa, dirigido contra o cristianismo, ao mesmo tempo que direcionado a restaurar a civilização pagã? A tese defendida neste livro nada mais é do que uma tentativa de dar respostas convincentes a tais indagações. [...]