No ano 361, o cristianismo completara meio século como religião oficial do Império Romano. Quatro imperadores cristãos já haviam governado em sequência. Embora profundamente dividida por debates esotéricos, ainda em busca de fixar sua doutrina oficial, a Igreja predominava sem contestação relevante nos centros do poder. As religiões antigas perduravam nos campos, mas a grande maioria dos habitantes das cidades do Império já se dizia cristã. Nesse contexto, ascende ao trono um jovem imperador que decide restaurar a civilização helênica e o culto aos seus múltiplos deuses. Embora educado no cristianismo, conhece a fundo o helenismo, pela influência de mestres, por sucessivas viagens, pelo estudo dos neoplatônicos e por outras leituras. Dotado de espírito forte e reto, considera que seu dever é propiciar o retorno ao passado e impedir a consolidação de uma religião que, segundo ele, estava destruindo uma gloriosa civilização. Era Flávio Cláudio Juliano, que entrou para a história [...]