Um corpo como uma casa assombrada, um corpo que treme, que sente um filete de zinco na garganta. Um poema como um corpo que perde as palavras, do qual as palavras caem verticais, abrindo fissuras no papel. Y é um livro no qual corpo e poema se misturam, se contaminam, roubam imagens um do outro. É assim, instaurando pontes entre territórios muito diversos desertos, mangues, à beira de uma cama que esse livro estende sua mão, um verso, em nossa direção. A palavra corpo, a palavra casa, as fricções entre elas e o que resta depois desse atrito: palavras novas, desabadas, arruinadas e que criam, justamente por isso, uma obra vigorosa, repleto de imagens táteis. Sentimos os abalos sísmicos sob seus poemas, as vibrações em suas superfícies, que resultam em fronteiras originais entre os territórios pelos quais caminham suas imagens.