"A poesia também pode ser narrativa, e não necessariamente "épica". A primeira parte deste livro é uma história em pedaços, que insinua um mundo inteiro de pessoas e traz a sensação do nosso Brasil urbano atual. Se um romance pode ser grande por captar os sentimentos de uma época da vida de um país, por que não uma sequência de poemas, de instantâneos de uma pequena comunidade que circula pelo café de uma livraria? Num dado talvez irônico, é na parte do livro escrita "fora da livraria", a segunda, que aparecem poemas que não são necessariamente enriquecidos pelo contexto. Essas duas partes, porém, são unidas por um recurso estilístico que remete a Nelson Rodrigues: a elipse, que serve ao mesmo tempo ao registro coloquial e à sugestão poética. Nesse jogo entre o que é articulado pelo poeta e aquilo que cabe ao leitor articular, produz-se um efeito que, aí sim, de certa forma remete ao épico: a sensação de estar conectado com o presente, com uma comunidade de semelhantes." - Pedro Sette-Câmara