Abrir este livro é meter-se com plantas, árvores, arbustos e frutos, com animais e objetos mais ou menos conhecidos, mais ou menos esquisitos, ora expostos em vitrines, ora descobertos em pinturas ou mesmo em microscópios e mapas. É enfiar-se em viveiros e gabinetes, perambular por quintais e jardins, atolar-se em pastos de turfa. É confrontar um mundo natural que escapa à separação entre formas de vida, pois seu centro criativo consiste na metamorfose e na variação, no sentido musical e plástico do termo. O leitor está aqui diante de um universo pulsante de imagens e sons, de um mundo sem fronteiras que, se leva o leitor à Veneza de Canaletto, aos ventos frios da Noruega ou aos pássaros exuberantes da Austrália, logo o traz de volta ao universo confiável, mas não menos rico e ameaçador de guardanapos, de lençóis, de mosquitos ou dos jardins com suas cercas e ervas-daninhas. Ao abrir este livro o leitor se dá conta já no primeiro poema que está lidando com um poeta raro, cujos (...)