Buscamos, pois, neste livro, dar uma verdadeira explicação teórica do nazismo. O milagre consistiu na descoberta de que a psicanálise tinha meios de fornecer essa explicação. Foi o que tentamos comunicar. É preciso, porém, observar que o objeto deste trabalho situado - e quanto! - na História, é, no entanto, algo além de um objeto histórico Hitler, ou o nazismo. Trata-se aqui de outra coisa. Nosso trabalho, de fato incide sobre um objeto de teoria psicanalítica, e visa conceitualizar o modo coletivo da formação do sintoma que surge necessariamente quando se rompe o laço social. Esse momento de crise vamos chamá-lo de psicose-social e, para dizer a verdade, é ele o objeto deste ensaio. Compreende-se, então, que uma tal teoria não tem unicamente um interesse histórico, mas, de maneira mais fundamental, deseja-se que ela possa contribuir para a renovação da nossa filosofia política. Enfim, a interpretação do nazismo que propomos aqui é solidária de uma teoria progresta da civilização, que a psicanálise implica e que este ensaio visa desenvolver.