Estados Unidos declaram guerra ao Afeganistão após o atentado ao World Trade Center, provocado por fanáticos islâmicos que invejam a prosperidade do Ocidente. A afirmação lhe parece familiar? Pois Deus é inocente é a desconstrução deste e de muitos outros mitos criados pela mídia. Numa análise que incluiu a leitura dos mais renomados jornais e revistas do planeta em todo o ano que se seguiu ao fatídico 11 de setembro de 2001, Carlos Dorneles revela a unilateralidade da imprensa mundial, condescendente com a hegemonia política norte-americana. Mais que isso: mostra como ela pode vender ideologias, publicar fatos não comprovados, transformar religiões e povos em ameaças para toda a civilização. A obra traz também, em painel assombroso, os resultados das investidas do poderio militar norte-americano contra uma nação já devastada pelo regime Talibã; o perigo do "achismo" quando aliado ao preconceito, refletido no caso dos prisioneiros de guerra enjaulados em Guantánamo; a guerra do terceiro milênio, cuja sofisticação é a terceirização de massacres; a eterna "retaliação" de Israel contra os homens-bomba palestinos; o que levou a atenção do mundo a se voltar para o Iraque, e em que isso beneficia o presidente George W. Bush. O mais interessante em Deus é inocente, porém, é que todos somos coadjuvantes dessa trama, identificando nossos papéis na medida em que nos resvalamos ou não no que nos é imposto pela mídia.