Poucas palavras de Filipe Melanchthon são tão conhecidas quanto aquelas em que ele reclamava da rispidez de Martim Lutero. O que nos aproxima de Melanchthon como ser humano são as numerosas cartas legadas à posteridade. Essas revelam que, em sua situação, ele nem sempre era feliz. Ora, isso não causa surpresa. Ele precisava defender posições com as quais não conseguia concordar plenamente. É fácil verificar nas fontes que a questão do livre-arbítrio foi um problema central ou até mesmo a principal questão na vida, no pensamento e na fé de Melanchthon. No mínimo, a polêmica entre Lutero e Erasmo obrigou-o a refletir sobre o assunto. Como se trata de um problema humano universal, a vida de Melanchthon adquire um interesse que transcende a história da Reforma, época essa que por si só já é fascinante.