Carlos Castelo foi um dos integrantes da banda Língua de Trapo, compositor de várias canções, entre elas, Como é bom ser punk, que emulava algo como um canto gregoriano mas com letra que, entre outras coisas, dizia: Como é bom ser punk/A mãe degolar/E a vovozinha/No varal pendurar; e que terminava assim: Só uma coisa me dói/É esperar o apocalipse/Tendo que ser office boy. O ano era 1985 e, apesar de estarmos nos estertores da ditadura civil-militar, a música, ao lado de outras da banda, foi censurada. O caráter subversivo das canções do grupo, mais do que vir de um posicionamento de denúncia, vinha de um humor paródico que não perdoava nenhum gênero musical, nem perdoava o que esses gêneros representavam, profanando assim uma ideia de acervo. O que por certo incomoda muito os discursos de poder, porque tais discursos não admitem que as coisas mudem de lugar, ainda mais as coisas que os representam e, portanto, os sustentam. Essa longa introdução para dizer que este formidável (...)