Como tratar paisagens feridas é uma conversa, primeiro livro de um escritor, consigo, com os de sua geração, com os que vieram antes e com os que virão ainda chegar a esse mundo afundado, com os que fossem escavando, esculpindo, talhando a forma de um morto, os que vierem se juntar a essa rodinha dos que sabem escrever, vivos, onde estamos todos, para sempre à beira das palavras, como bichinhos em volta das árvores da cidade, embaixo das lâmpadas de mercúrio. Poderia ser um manual artístico para paisagistas e poderia ter sido escrito por um passarinho triste que de um alto fio elétrico olhasse o seu duplo sem vida no chão, ao lado. Ou que, sim, voando de bairro em bairro, do alto, avistasse os rapazes por suas nucas, nos trens, nos ônibus, nas ruas escritas da cidade, nos becos de favelas, nas janelas dos prédios, algo assim, de quem está pousado no alto, no sem fronteira do céu da cidade toda, para mim, tudo muito cheio de sexo.