A vida da gente pode mudar em um lapso de tempo ínfimo. O dia 17 de julho de 2007 mudou a vida de centenas de pessoas. Depois das 18:48:50s daquela terça-feira, as famílias de 199 vítimas que faleceram naquele instante nunca mais foram as mesmas. O destino de mulheres, crianças, homens e idosos(as) foi tragicamente alterado para sempre. Além dos familiares, também amigos e profissionais (advogados, psicólogos, psiquiatras, promotores, delegados, entre outros) que trabalharam naquele acidente tiveram seu futuro alterado. A própria aviação comercial brasileira foi modificada, tornando-se mais exigente em várias questões, como segurança nas aeronaves e nas pistas dos aeroportos. Como advogado que atuou diretamente no acidente, convivendo cerca de 3 anos com as famílias das vítimas, presenciando sua dor, sua ira, suas lágrimas e seu inconformismo em ter perdido seu familiar daquela forma abrupta, estúpida e dramática, nunca, até hoje, consegui esquecer esse passado. E foi nesse sentido que, ao longo dos anos, a ideia de contar a história deste que foi o maior acidente da história da aviação brasileira me perseguiu. Há um ano e meio, comecei a contar os fatos, as questões jurídicas (com ação internacional inclusive), os aspectos internos do acidente e a importância da Afavitam (Associação das Famílias Vítimas do Voo da TAM), com o objetivo de transformar luto em luta, a favor dos direitos, em todos os aspectos, dos filhos, pais, mães, maridos, esposas, sobrinhos(as), primo(as) e avós daqueles que faleceram no terrível acidente. Em uma visão pessoal, relato também como a minha vida foi totalmente modificada, alterando o rumo do meu destino pessoal e profissional. Esses familiares são verdadeiros heróis, lutadores incansáveis que travaram batalhas contra poderosas empresas governamentais e particulares, com o intuito de buscar justiça para a vida dos que se foram!